Francisco Brennand faz parte do seleto grupo de pintores que inventaram, na primeira metade do século vinte, a arte moderna. Estes artistas tiveram o privilégio de criar o caminho, do olhar, que vale até hoje: abrir mão da trilha acadêmica, romper a linha do desenho clássico apreendido nas escolas, e descobrir o olhar particular, singular, um para cada artista, como um filtro mágico que capacita ao criador da arte o observar o mundo e reinventá-lo com seu traço.
Montanhas, rios, florestas, flores, frutos, pássaros, peixes, tartarugas e panteras, tudo redesenhado com o prazer da criação individual. Assim o fizeram Picasso, Matisse, Leger; este, de quem Brennand recebeu influência direta, ao vivo quando estudou na Europa. De volta ao Brasil, o pintor constatará (como anos antes o fizera Tarsila) que aplicar a liberdade, aprendida lá, sobre o nosso universo aqui, era uma festa. Mamoeiros, cajueiros, tambaquis, tatus, onças, garças e macacos dançam o novo ritmo modernista.
O tempo passa, a linha de um artista se imprime e solidifica e se coletiviza. Novas gerações pegam de um mestre o desenho já estabelecido, introjetado, em estado de design. O traço de um J. Borges, um Samico ou um Brennand tornam-se aptos a se tornarem artes gráficas, moda, cenografia ou referência de releitura dentro do próprio campo das artes plásticas. Nesse caminho vai a exposição "Brennandianas", composta de vinte e oito quadros do pintor Romero de Andrade Lima.
Partindo principalmente das obras de Francisco Brennand, que Romero via na casa de seu tio Ariano, e prosseguindo pelo acervo exposto na oficina da Várzea, na nova academia e ainda em livros, revistas e jornais, o artista plástico que pertence à geração subseqüente à do mestre, homenageia o grande pintor que tem a honra de nos ligar aos grandes da dita escola de Paris, e o apreciador atento encontrará os traços dessa ligação