Homenagem aos 100 anos de Frida Kahlo
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“Parabéns para Frida pelos 100 anos de vida”
Para comemorar os 100 anos de nascimento de Frida Kahlo o artista plástico Romero de Andrade Lima preparou uma exposição de pintura. São 30 quadros que são 30 retratos da pintora. As múltiplas faces de sua vida sempre cercada dos elementos de sua iconografia e mitologia particulares que permitiu a reunião em um mesmo altar artístico as divindades judaico-cristãs, as pré-colombianas e mesmo as egípcias, indianas e greco-romanas em associação com os sacralizados elementos da natureza.
Frida Kahlo é figura fundamental para o México, tanto no sentido artístico como no político. Ela e Diego Rivera juntos a um grupo de artistas de seu tempo promoveram (Assim como os modernistas no Brasil) o processo de independência cultural que nas primeiras décadas do século XX complementava a independência política proclamada nas últimas do século XIX. A artista costumava recomendar a seus alunos que abandonassem o estudo de arte através das reproduções dos quadros dos pintores acadêmicos europeus, ou das réplicas em gesso das esculturas clássicas, e saíssem para as ruas para observar o México de verdade. Só assim sua arte teria valor.
Frida Kahlo foi uma mestra nessa observação, executou a sua parte dessa grande discussão na busca de uma arte baseada em raízes populares, movimento que juntando-se o de cada canto tem hoje uma dimensão mundial.
No caso dela resultou numa pintura que lembra ao mesmo tempo ícones, ex-votos, estamparias e bordados, retábulos medievais e retratos renascentistas, ilustrações de livros de animais e plantas ou de histórias de conto de fadas. Por uma facilitação de leitura sua obra é tida como surrealista e como tal participou de coletivas de artistas dessa corrente, mas sua pintura tem que ser compreendida (Como a de todos grandes artistas modernos) como a expressão individual de um trabalho de criação onde predominam os elementos particulares e incomparáveis.
Os 30 quadros desta exposição buscam uma releitura desses elementos. Cada tela procura um diálogo com o legado da artista: imagens recriadas tanto de seus quadros quanto de fotografias. Há Frida criança na casa azul observada pela Frida adulta; há Frida jovem pintada a partir do retrato tirado por seu pai no tempo que ela ainda se vestia normal, sem os trajes que se tornariam sua marca; há ela adulta ao lado dos avós paternos e maternos, ela e eles em retratos ovais, marca de um tempo. Há ela com Diego no dia do casamento. Há ela na casa azul que tornou-se sua depois da morte dos pais. Há ela entre as peças da sua coleção de arte pré-colombiana. Há ela entre os macacos, papagaios e outros animais de sua estimação. Cada quadro reafirmando através da reinterpretação, o afeto que a pintora demonstrava pelo tudo que a cercava. Esse tudo que pertence agora a todos que apreciam sua obra.
17/09/2007
Exposição no Paço Alfândega
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